Desenvolvimento Cognitivo
Teoria de Piaget
Os contributos de Piaget para a psicologia foram, a interacção entre os processos hereditários, o meio e o sujeito e o facto do sujeito ter um papel activo na construção da sua inteligência; descobrir que a criança não um adulto em miniatura, existe uma diferença qualitativa entre o adulto e a criança quanto ao modo de funcionamento intelectual; as crianças pensam e raciocinam de forma qualitativa em diferentes fases do desenvolvimento intelectual, percorremos uma sequência invariante de quatro períodos qualitativamente distintos, ou seja, não podemos saltar estádios nem passar por eles numa ordem diferente. Porém a idade em que atingimos cada estádio pode variar.
Estádios do desenvolvimento cognitivo:
Sensorio-Motor (do nascimento aos 2 anos): Ocorre o desenvolvimento de uma acção reflexa e instintiva para uma função simbolica - inteligência sensorial. Existe uma intensa busca visual e motora, visto que o bebé se exprime através do movimento. Ocorre nesta fase, o aparecimento da noção de objecto permanente (não precisa de o estar a ver para saber que ele existe).
Pré-Operatório (dos 2 aos 7 anos): A criança começa a representar o mundo com as suas próprias palavras e imagens - capacidade simbólica. A capacidade de armazenamento de imagens aumenta e há um notável desenvolvimento dovocabolário. O modo de aprendizagem neste estádio é intuitivo, as crianças fazem livres associações e vivem num mundo de fantasia - egocentrismo.
Operações concretas (dos 7 aos 11 anos): A criança desenvolve o pensamento lógico : realiza operações mentais, mas apenas na presença dos objectos/situações. Consegue classificar objectos em diferentes categorias, e adquire a noção de matéria, peso, volume.
Operações formais (dos 11 aos 16 anos): O adolescente apresenta um pensamento abstracto, lógico e formal e um raciocínio hipotético-dedutivo. Está presente um egocentrismo intelectual, visto que as suas ideias são as melhores.
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Factores de desenvolvimento
Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo que decorre ao longo dos quatro estádios depende de um conjunto de factores que actuam de forma combinada e integrada:
A hereditariedade e maturação: Factores biológicos que são o suporte de todo o desenvolvimento; a maturação é um processo biológico inato que está na base de mudanças como, por exemplo, o crescimento. Contudo, estas componentes biológicas não actuam à margem da experiência nem da aprendizagem.
Experiência: A manipulação dos objectos, a acção do sujeito sobre o mundo físico, é um factor fundamental no processo de desenvolvimento, pois o sujeito não se limita a registar de forma passiva os dados da experiência: é o elemento activo no processo de conhecer e de se desenvolver.
Transmissão social: Os estímulos que provêm do meio social são elementos que marcam o desenvolvimento da criança. Um meio rico em estímulos e informações favorece um desenvolvimento equilibrado. Contudo, é necessária a assimilação das informações e dados vinculados nos processos de interacção social.
Equilibração: É o mecanismo regulador da assimilação e acomodação. É a equilibração que possibilita que os outros três factores mantenham uma relação adequada, progressiva e equilibrada. Assim, é graças a este mecanismo que estão asseguradas formas de equilíbrio cada vez mais estáveis na adaptação ao meio.
Desenvolvimento Intelectual
A teoria de Piaget sobre o desenvolvimento intelectual veio revolucionar as concepções anteriores. Para Piaget, o desenvolvimento está relacionado com a génese e evolução do conhecimento. A sua teoria remete para a importância do património genético e para o papel activo do sujeito na sua interacção com o meio.
A sua perspectiva integradora apresenta, entre outras, as seguintes características:
Psicobiológica: Visto que Piaget é formado em biologia, a adaptação é encarada como um processo interactivo entre o organismo e o meio,através de uma sequência de estádios.
Estruturalista: O conhecimento é resultado da integração progressiva das estruturas cognitivas que se manifestam numa sequência de estádios. Estes superam-se qualitativamente no sentido de uma melhor adaptação do indivíduo ao meio.
Interaccionista: O sujeito tem um papel activo na construção do seu conhecimento e desenvolvimento, através das suas interacções com o meio físico e social.
Construtivista: O sujeito tem um papel activo no conhecimento, na génese das estruturas mentais. O desenvolvimento é uma construção do sujeito. As estruturas inatas são modificadas na interacção com o meio.
Funcional: O sujeito interage com o meio e adapta-se a ele através da assimilação, acomodação e equilibração.
Vygotsky
Psicólogo bielorusso, pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual nas crianças ocorre em função das interacções sociais (e condições de vida). Vygostsky sublinhou as influências socioculturais no desenvolvimento cognitivo da criança:
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O desenvolvimento não pode ser separado do contexto social
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A cultura afecta a forma como pensamos e o que pensamos
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Cada cultura tem o seu próprio impacto
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O conhecimento depende da experiência social
O que distingue Vygotsky de Piaget é a descrença do primeiro em relação a uma hierarquia de estádios do desenvolvimento cognitivo tão estanque e determinista como a que Piaget desenvolveu.
Vygotsky, dá maior relevo aos contextos culturais e ao papel da linguagem (instrumento de relação com os outros) no processo de construção do conhecimento e de desenvolvimento cognitivo. Vyotsky defende que a criança aprende melhor quando é confrontada com tarefas que impliquem um desafio cognitivo não muito discrepante, ou seja, que se situem naquilo a que o psicólogo soviético chama zona de desenvolvimento próximo – que consiste na distancia que medeia entre um nível actual de desenvolvimento da criança, determinado pela sua capacidade actual de resolver problemas individualmente, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de problemas sobre a orientação de adultos ou em colaboração com pares mais capazes.
