Relações Precoces - VINCULAÇÃO

   

“Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas.”
 Lucien Malson, “Les Enfants Sauvages”
 
 

    A espécie humana nasce desprotegida, frágil e com grande necessidade de protecção por parte dos progenitores. Deste modo, garante o alimento que não é capaz de adquirir autonomamente, e a sensação de protecção e afecto de que necessita. A convivência social ajuda-nos a manter saudáveis, mental e fisicamente. A necessidade de contacto com pessoas é fundamental para nos construirmos como seres humanos, já que a nossa humanidade não é inata mas sim construída através da interacção com os outros.

Solidão

 

    A personalidade do adulto é construída a partir de ligações precoces e socioafectivas da criança, vínculos que repousam sobre necessidades biológicas. O desenvolvimento físico, cognitivo e social são diferentes aspectos em que todas as nossas competências aumentam na jornada humana, do nascimento á maturidade. A nível físico, crescemos em tamanho e força, o que nos permite movimentar livremente no nosso meio. A nível cognitivo, aprendemos a habitar o mundo dos conceitos e ideias. O desenvolvimento social refere-se ao crescendo de competências e habilidades, que capacitam o indivíduo para estabelecer relações afectivas e para interagir com o mundo envolvente.

    Durante os primeiros meses de vida, o mundo social do bebé está limitado a uma única pessoa, geralmente a mãe. Com o passar do tempo, os horizontes sociais tornam-se mais vastos, incluindo a família, creche e vizinhos.

    Ver um bebé sorrir quando vê a sua mãe, é um sinal de que essa criança está a crescer fisicamente e a aperfeiçoar as suas capacidades de percepção. O desenvolvimento social inicia-se com o primeiro vínculo humano: o do bebe à pessoa que cuida dele, geralmente a mãe. Este laço (vinculação) é considerado a base ou alicerce de todas as relações sociais para o resto da vida.  O bebé quer estar perto da mãe e, quando não está bem fica confortado com a sua imagem, a sua voz e o seu contacto. Este aspecto é comum ao de outras espécies, como por exemplo os macacos, que se agarram ao corpo das mães e os pintainhos, que seguem a galinha.

    Assim, por vinculação entende-se a ligação emocional positiva entre a criança e um pessoa em particular, que consiste na mais importante forma de desenvolvimento social, durante a infância. Por outras palavras, a relação de vinculação é uma construção progressiva: a aptidão inata é modelada no decorrer da interacção com o meio social.

    Em suma, as pessoas que nos envolvem nunca se apresentam neutras para nós. Não só as crianças sofrem com a falta do outro, mas também os adultos. Ficar sozinho no mundo, sem necessidade dos outros para conviver ou sobreviver, é para todos nós uma ideia assustadora.

 

    Três das mais frequentes origens de problemas de aprendizagem são o atraso mental, as perturbações da atenção e as dificuldades de aprendizagem.

- Atraso mental -

    Funcionamento intelectual significativamente inferior ao normal. é indicado por um QI de cerca de 70 ou inferior, acompanhado por uma deficiência no comportamento adaptativo apropriado à idade (como a comunicação, competências sociais e independência pessoal), surgindo antes dos 18 anos de idade. Com um meio ambiente precoce que providencie apoio, estimulação, orientação e ajuda continuada, muitas crianças com atraso mental podem esperar evolução razoável. A maioria das crianças com atraso mental pode beneficiar da escolaridade.

Ver mais: efacec.pt/appacdm/SinalMais/a.htm ; osnossospeterpan.webs.com/atrasosmentais.htm

 

- Hiperactividade e perturbação da atenção -

    A perturbação de hiperactividade com défice de atenção (ADHD) é a condição psiquiátrica mais frequentemente diagnosticada em crianças. Caracteriza-se por desatenção persistente, impulsividade, baixa tolerância à frustação, distracção e uma grande actividade em locais e tempos inadequados, como por exemplo na sala de aula. A (ADHD) parece ser, pelo menos em parte, hereditária. Actualmente, crê-se que é causada por uma irregularidade no funcionamento carebral na região que inibe os impulsos. Os conflitos familiares podem contribuir para o problema. Se não for tratada, pode conduzir a extrema frustação, alienação, insucesso na escola, comportamento anti-social ou consumo de drogas.

- Dificuldades de aprendizagem -

    A deslexia é a condição mais diagnosticada, dentro do vasto número de dificuldades de aprendizagem, perturbações que interferem com aspectos específicos da realização escolar, resultando numa realização substancialmente inferior da que seria de esperar dada a idade, inteligência e duração da escolaridade da criança. As crianças com dificuldades de aprendizagem têm frequentemente inteligência média e visão e audição normais, mas parecem ter problemas no processamento de informação sensorial.Tendem a ser menos orientadas para a tarefa e a distrair-se mais facialmente do que as outras crianças.

- A vida de crianças sobredotadas -

    O problema das crianças sobredotadas deriva, em parte, de uma escolaridade não satisfatória: inflexibilidade, ênfase exagerade nas notas , falta de situações desafiadoras e de apoio dos professores (Janos § Robinson, 1985). Muitas crianças brilhantes tentam não evidenciar a sua inteligência para se ajustarem aos seus colegas (R.D.Feldman, 1982).
As crianças identificadas como sobredotadas tendem a ter pais com um nível alto de escolaridade, realizados, com um casamento feliz, que gastam mais tempo com elas, respondem Às suas perguntas e encorajam a sua criatividade. Os lares das crianças dotadas que têm fraca realização escolar são, muitas vezes, menos harmoniosos (Janos§ Robinson, 1985).

    Diversas organizações estudam a educação das crianças em associações de classes desfavorecidas.

    Variedade de estímulos - há crianças sobredotadas que se sentem frustadas por saberem tudo e outras menos dotadas que se sentem frustadas por não saberem quase nada.
É muito importante o desenvolvimento e a estimulação precoce. Não devemos tornar as crianças diferendes demais. Devemos "espicaçar" as crianças no sentido de as estimular.

    Aceleração negativa - crescimento intelectual sofre uma aceleração negativa, ou seja, devemos estimular antes dos 5 anos. Pois, a partir desta idade, temos tendência a estabilizar. Mas não significa que estejemos a regredir.